sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA


Microeconomia, ou Teoria Geral dos Preços, analisa a formação de preços no mercado, ou seja, como a empresa e o consumidor interagem e decidem qual o preço e a quantidade de um determinado bem ou serviço em mercados específicos.

A Microeconomia lida com:
Comportamento de unidades individuais
No Consumo
Como escolher o quê comprar
Na produção
Como escolher o quê produzir
Mercados: A interação entre consumidores e produtores

OS TEMAS DA MICROECONOMIA
De acordo com Mick Jagger* e os Rolling Stones
§ “Não se pode ter sempre o que se quer ”
Por que não?
§ Recursos limitados
Formado em economia pela London School of Economics

PRESSUPOSTOS BÁSICOS NA ANÁLISE MICROECONÔMICA
A hipótese coeteris paribus “céteris páribus” – tudo o mais permanece constante: o foco de estudo é dirigido apenas àquele mercado, analisando o papel que a oferta e a demanda nele exercem, supondo que outras variáveis interfiram muito pouco, ou que não interfiram de maneira absoluta.

PAPEL DOS PREÇOS RELATIVOS
Na análise microeconômica, são mais relevantes os preços relativos, isto é, os preços dos bens em relação aos demais, do que os preços absolutos (isolados) das mercadorias.
Exemplo: se o preço do guaraná cair 10%, mas também o preço da soda cair em 10%, nada deve acontecer na demanda dos dois bens, mas se cair apenas o preço do guaraná, permanecendo inalterado o preço da soda, deve-se esperar um aumento na quantidade procurada de guaraná e uma queda na soda.
Embora não tenha havido alteração no preço absoluto da soda, seu preço relativo aumentou, quando comparado com o guaraná.

PRINCÍPIO DA RACIONALIDADE
Por esse princípio, os empresários tentam sempre maximizar lucros condicionados pelos custos de produção, os consumidores procuram maximizar sua satisfação no consumo de bens e serviços (limitados por sua renda e pelos preços das mercadorias).

APLICAÇÃO DA ANÁLISE MICROECONÔMICA
A teoria microeconômica não é um manual de técnicas para a tomada de decisões do dia-a-dia, mesmo assim ela representa uma ferramenta útil para esclarecer políticas e estratégias, dentro de um horizonte de planejamento, tanto em nível de empresas quanto de nível de política econômica.



PARA AS EMPRESAS, A ANÁLISE MICROECONÔMICA PODE SUBSIDIAR AS SEGUINTES DECISÕES
Políticas de preços da empresa.
Previsão de demanda e faturamento.
Previsão de custos de produção.
Decisões ótimas de produção (melhor combinação dos custos de produção).
Avaliação e elaboração de projetos de investimentos (análise custo/benefício)
Política de propaganda e publicidade.
Localização da empresa.

A POLÍTICA ECONÔMICA, PODE CONTRIBUIR NA ANÁLISE DE TOMADA DE DECISÕES DAS SEGUINTES QUESTÕES
Efeitos de impostos sobre mercados específicos.
Política de subsídios.
Fixação de preços mínimos na agricultura.
Controle de preços
Política Salarial
Políticas de tarifas públicas. (água, luz, etc.).

DIVISÃO DO ESTUDO MICROECONÔMICO
Análise da Demanda: A Teoria da Demanda ou Procura de uma mercadoria ou serviço divide-se em Teoria do Consumidor e Teoria da Demanda de Mercado.
Análise da Oferta: A Teoria da Oferta de um bem ou serviço também se subdivide em oferta de firma individual e oferta de mercado.
Análise das estruturas de mercado: A partir da demanda e da oferta de mercado são determinados o preço e a quantidade de um bem ou serviço.

DEMANDA DE MERCADO
A demanda ou procura pode ser definida como a quantidade de um determinado bem ou serviço que os consumidores desejam adquirir em determinado período de tempo.
A procura depende de variáveis que influenciam a escolha do consumidor. São elas: o preço do bem e serviço, o preço dos outros bens, a renda do consumidor e o gosto ou preferência do indivíduo.

RELAÇÃO ENTRE A QUANTIDADE PROCURADA E PREÇO DO BEM: A LEI GERAL DA DEMANDA
Há uma relação inversamente proporcional entre a quantidade procurada e o preço do bem. É a chamada Lei Geral da Demanda. Essa relação pode ser observada a partir dos conceitos de escala de procura, curva de procura ou função demanda.

A curva da demanda é negativamente inclinada devido ao efeito conjunto de dois fatores: o efeito substituição e o efeito renda.

Se o preço de um bem aumenta, a queda da quantidade demanda será provocada por esses dois efeitos somados:
EFEITO SUBSTITUIÇÃO

Se um bem possui um substituto, ou seja, outro bem similar que satisfaça a mesma necessidade, quando seu preço aumenta, o consumidor passa adquirir o bem substituto, reduzindo assim sua demanda. Exemplo: Fósforo.

EFEITO RENDA
Quando aumenta o preço de um bem, o consumidor perde o poder aquisitivo e a demanda por esse produto diminui.
Ex:?!?!?

OUTRAS VARIÁVEIS QUE AFETAM A DEMANDA DE UM BEM
Se a renda dos consumidores aumenta e a demanda do produto também, temos um bem normal.
Bem inferior, cuja demanda varia em sentido inverso às variações da renda; exemplo se o consumidor ficar mais rico, diminuirá o consumo de carne de segunda, e aumentará o consumo da carne de primeira.
Bens de consumo saciado, quando a demanda do bem, quase não é influenciada pela renda dos consumidores (arroz, farinha, sal, etc.), muitas vezes ocorre a diminuição do consumo deste tipo de bem, devido ao aumento da renda.
Bens substitutos: Quando há uma relação direta entre o preço de um bem e a quantidade de outro. Exemplo: um aumento no preço da carne deve elevar a demanda de peixe.
Bens complementares: São bens que podem ser utilizados em conjunto ou que ficam melhores utilizados.
Ex: Se aumentar o preço da impressora e a quantidade demandada de cartuchos diminuir é porque a impressora e o cartucho são complementares no consumo.

OFERTA DE MERCADO
Pode-se conceituar oferta como as várias quantidades que os produtores desejam oferecer ao mercado em determinado período de tempo. Da mesma maneira que a demanda, a oferta depende de vários fatores; dentre eles, de seu próprio preço, dos demais preços, dos preços dos fatores de produção, das preferências do empresário e da tecnologia.
Diferentemente da função demanda, a função de oferta mostra uma correlação direta entre a quantidade ofertada e nível de preços. É a chamada Lei Geral da Oferta.
Podemos expressar uma escala de oferta de um bem X, ou seja, dada uma série de preços, quais seriam as quantidades ofertadas a cada preço:

EQUILÍBRIO DE MERCADO
¡ A interação das curvas de demanda e de oferta determina o preço e a quantidade de equilíbrio de um bem ou serviço em um dado mercado.

INTERFERÊNCIA DO GOVERNO NO EQUILÍBRIO DE MERCADO
O governo intervém na formação de preços de mercado, a nível microeconômico , e quando fixa impostos e subsídios, estabelecem critérios de reajustes do salário mínimo, fixa preços mínimos para produtos agrícolas decreta tabelamentos ou ainda congelamento de preços e salários.

ESTABELECIMENTO DE IMPOSTOS
É sabido que quem recolhe a totalidade do tributo é a empresa, mas isso não quer dizer que é ela quem efetivamente paga.
Assim, saber sobre quem recai efetivamente o ônus do tributo é uma questão da maior importância na análise dos mercados.
Os tributos se dividem em:
Impostos;
Taxas;
e contribuições de melhoria.
O impostos dividem-se em:
Impostos Indiretos: impostos incidentes sobre o consumo ou sobre as vendas. Exemplo:
(ICMS), (IPI).
Impostos Diretos: Impostos incidentes sobre a renda. Exemplo: Imposto de Renda.

ENTRE OS IMPOSTOS INDIRETOS DESTACAMOS:
Imposto Específico: Recai sobre a unidade vendida. Exemplo: para cada carro vendido, recolhe-se, a título de imposto, R$ 5.000 ao governo (esse valor é fixo e independente do valor da mercadoria).
Imposto ad valorem: é um percentual (alíquota) aplicado sobre o valor de venda.
Exemplo: supondo a alíquota do IPI sobre automóveis de 10 %, se o valor do automóvel for de R$ 50.000, o valor do IPI será de R$ 5.000; se o valor aumentar para R$ 60.000, o valor do IPI será de R$ 6.000. Assim, como se pode notar, a alíquota permanece inalterada em 10%, enquanto o valor do imposto varia com o preço do automóvel.
Política de preços mínimos na agricultura: Trata-se de uma política que visa dar garantia de preços ao produtor agrícola, com propósito de protegê-lo das flutuações dos preços no mercado, ou seja, ajudá-lo diante de uma possível queda acentuada de preços e conseqüentemente da renda agrícola. O governo, antes do início do plantio, garante um preço que ele pagará após a colheita do produto.
Tabelamento: Refere-se à intervenção do governo no sistema de preços de mercado visando coibir abusos por parte dos vendedores, controlar preços de bens de primeira necessidade ou então refrear o processo inflacionário, como foi adotado no Brasil (Planos Cruzado, Bresser etc.), quando se aplicou o congelamento de preços e salários.



ESTRUTURA DE MERCADO
As várias formas ou estruturas de mercados dependem fundamentalmente de três características:
a) Número de empresas que compõe esse mercado;
b) Tipo do produto (se as firmas fabricam produtos idênticos ou diferenciados);
c) Se existem ou não barreiras ao acesso de novas empresas nesse mercado.


CONCORRÊNCIA PURA OU PERFEITA
É um tipo de mercado em que há um grande número de vendedores (empresas), onde uma empresa, isoladamente, por ser insignificante, não afeta os níveis de oferta do mercado e, conseqüentemente, o preço de equilíbrio.
Nesse tipo de mercado devem prevalecer ainda as seguintes premissas:
Produtos homogêneos: Não existe diferenciação entre os produtos ofertados pelas empresas concorrentes.
Não existem barreiras: para o ingresso de empresas no mercado.
Transparência do mercado: Todas as informações sobre lucros, preços etc. são conhecidas por todos os participantes do mercado.


MONOPÓLIO

Se caracteriza por apresentar condições opostas às da concorrência perfeita. Nele existe, de um lado, um único empresário (empresa) dominando inteiramente a oferta e de outro, todos os consumidores. Não há, portanto concorrência, nem produto substituto ou concorrente.
Nesse caso, ou os consumidores se submetem às condições impostas pelo vendedor, ou simplesmente deixaram de consumir o produto.
Ao ser exclusiva no mercado, a empresa não estará sujeita aos preços vigentes. Mas isso não significa que poderá aumentar os preços indefinidamente.
Para sua existência, deve haver barreiras que praticamente impeçam a entrada de novas firmas no mercado. Essas barreiras podem advir das seguintes condições: Monopólio puro, elevado volume de capital, patente e controle de matérias-primas básicas, existem ainda, os monopólios institucionais ou estatais em setores considerados estratégicos ou de segurança nacional (petróleo, energia, comunicação).


OLIGOPÓLIO
É caracterizada por um pequeno número de empresas que dominam a oferta de mercado. Pode caracterizar-se como um mercado em que há um pequeno número de empresas, como a indústria automobilística, ou então onde há um grande número de empresas, mas poucas dominam o mercado, como a indústria de bebidas.
O setor produtivo no Brasil é altamente oligopolizado, sendo possível encontrar inúmeros exemplos: montadoras de veículos, setor de cosméticos, indústria de papel, indústria farmacêutica etc.
Nos oligopólios, tanto as quantidades ofertadas quanto os preços são fixados entre as empresas por meio de cartéis. O cartel é uma organização formal ou informal de produtores dentro de um setor que determina a política de preços para todas as empresas que a ele pertencem.
Podemos caracterizar também tanto oligopólios com produtos diferenciados (como a indústria automobilística) como oligopólios com produtos homogêneos (alumínio).

CONCORRÊNCIA MONOPOLISTA
Trata-se de uma estrutura de mercado intermediária entre a concorrência perfeita e o monopólio, mas que não se confunde com o oligopólio, pelas seguintes características:
Número relativamente grande de empresas com certo poder concorrencial, porém com segmentos de mercados e produtos diferenciados, seja por características físicas, embalagem ou prestação de serviços complementares (pós-venda).
Margem de manobra para fixação dos preços não muito ampla, uma vez que existem produtos substitutos no mercado.
Essas características acabam dando um pequeno poder monopolista sobre o preço de seu produto, embora o mercado seja competitivo (daí o nome concorrência monopolista).
É um modelo mais realista que o de concorrência perfeita, que supõe produtos completamente homogêneos, idênticos, sem diferenciação.
A diferenciação dá-se via:
• Características físicas {composição química / potência;
• Embalagem;
• Promoção de vendas {propaganda, atendimento, brindes;
• Manutenção, atendimento pós-venda, etc.


ESTRUTURA DO MERCADO DE FATORES DE PRODUÇÃO
Concorrência Perfeita no mercado de fatores
É um mercado onde existe oferta abundante do fator de produção (por exemplo, Mão de obra não especializada), o que torna o preço desse fator constante. Os ofertantes ou fornecedores, como são em grande número, não têm condições de obter preços mais elevados por seus serviços.
Monopsônio
Trata-se de uma forma de mercado na qual há somente um comprador para muitos vendedores dos serviços dos insumos.
É o caso da empresa que se instala em uma determinada cidade do interior e, por ser a única, torna-se demandante exclusiva da mão de obra local e das cidades próximas, tendo para si a totalidade da oferta de mão de obra.

Oligopsônio
Existem poucos compradores que dominam o mercado para muitos vendedores. Exemplo: indústria de laticínios. Em cada cidade existem dois ou três laticínios que adquirem a maior parte do leite dos inúmeros produtores rurais locais.
A indústria automobilística, além de oligopolista no mercado de bens e serviços, também é oligopsonista na compra de autopeças.
Monopólio bilateral
Ocorre quando um monopsonista, na compra de um fator de produção, defronta-se com um monopolista na venda deste fator. Por exemplo, só a empresa “A” compra um tipo de aço que é produzido apenas pela siderúrgica “B”. A empresa “A” é monopsonista, porque só ela compra esse tipo de aço, e a siderúrgica B é monopolista, porque só ela vende este tipo de aço.
Nesses casos, a determinação dos preços de mercado dependerá não só de fatores econômicos, mas do poder de barganha de ambos: o monopsonista tentando pagar o preço mais baixo (usando a força de ser o único comprador), e o monopolista tentando vender por um preço mais elevado (usando o poder de ser o único fornecedor).

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